Negres na emfermagem
- DAAAC
- 14 de mai. de 2020
- 2 min de leitura
A História da enfermagem e os impactos do apagamento em detrimento do fator racial.
Pensar em semana da enfermagem, em muito nos arremete a construção das imagens que temos de um padrão europeu branco, de olhos claros e cabelos lisos. Reflexos talvez de nossa precursora Florence Nightingale, sendo uma referência para nossa profissão, dentre muitas outras que ao longo dos anos de desenvolvimento da profissão foram sendo apresentadas e até hoje são estudadas durante o processo de nossa formação.
Vale ressaltar ainda que o Brasil é um país de maioria Negra, segundo a publicação na página do Cofen em 2018, “Mulheres e Negros são maioria entre os profissionais de enfermagem”. Negres têm na vida a árdua missão de necessitarem percorrer até 10x mais a distância determinada para receberem seu devido reconhecimento, ou até mesmo, de buscarem 10x mais até que se consigam destacar no cenário, evidenciando a eficácia do racismo, principalmente no que tange no cenário brasileiro, apesar de um país de maioria negra.O racismo,não obstante, se consolida ao contar também a nossa história. Exemplo se dá na própria guerra da Crimeia, onde destacamos uma Florence Nightingale( jovem inglesa e rica, modelo de devotamento sublime)e raramente lembramos que no mesmo cenário, havia muitas construções e contribuições acerca da nossa enfermagem e das ações ao cuidado.Além disso,havia um outra mulher negra e jamaicana que atuava no cuidado e ,estrategicamente ,estabeleceu o British Hotel, onde providenciou alojamento a militares doentes e convalescentes ,a qual socorreu feridos no campo de batalha, mas que não teve o mesmo reconhecimento como parte da construção dessa profissão tão importante quando discutimos saúde. Prova disso é que ao fim da guerra da Crimeia (1856), em 4 anos após (1860), ela já se torna destaque e referência para o conhecimento profissional e possui sua Escola de Enfermagem vinculada ao Hospital St. Thomas e, em paralelo, Mary Seacole só será lembrada e obtido seu reconhecimento a trajetória e importância da mesma 117 anos após o fim da guerra (1973), a qual para sua sobrevivência , contou com ajuda de soldados que viram sua atuação e levantaram fundos em sua causa para afastá-la da miséria. Mary não foi a única,pois através dela tivemos a força e a contribuição de muitas outras como: Anna Justina Ferreira Nery(Anna Nery), Maria José Bezerra(Maria Soldado), Maria Stella de Azevedo Santos (Mãe Stella de Oxóssi), Valmira dos Santos, Josephina de Mello, Maria de Lourdes Almeida e entre muitas outras que foram fortes, resistentes e construíram grandes legados,as quais infelizmente são apagados de nosso processo de construção, luta e dos desafios históricos que nos fizeram caminhar até o dia de hoje nessa honrosa profissão.Cabe a cada profissional da enfermagem, seja ou não negro, tornar pública a história da trajetória da população negra, que por nossa força e resistência, conseguimos mantê-la viva. A pesquisa e a inclusão desta história nos currículos acadêmicos é o caminho para que os profissionais negros da enfermagem saiam da invisibilidade.
Texto: Helena Gonçalves (Diretora Geral - gestão interina -DAAAC)
Arte : Matheus Santiago Corrêa (Diretor de Comunicação e Mídia - gestão interina - DAAAC)
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